sábado, 3 de julho de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 9 : A Argentina 1930-1966

O período que começou com o golpe militar que derrocou ao presidente Hipólito Yrigoyen, conhece-se na Argentina como a “Década Infame” assim como se disse que termina com o golpe militar que derrocou ao presidente Ramón Castillo.
Na realidade, foram quase 73 anos vis. Neste período poucos presidentes eleitos democraticamente cumpriram o período para o qual foram escolhidos e outros apenas estiveram em seu posto.

URIBURU, José Félix (1930/1932, Governo de fato)
O golpe militar de setembro de 1930 acabou um período de paz interior, progresso e organização política. As forças armadas encabeçaram por primeira vez o poder político. Tinham tido intervenções na “Semana trágica” (1919) e na repressão aos trabalhadores da Patagônia (1922) mais não em forma tão organizada. A igreja católica voltou outra vez à vida política. O poeta Leopoldo Lugones fez a redação da proclama revolucionária.
As províncias perderam autonomia, não se respeitou à Constituição, instaurou-se a tortura, tiveram pessoas apressadas por política, os jornais eram controlados, as universidades perderam a autonomia. Anularam-se as eleições na província de Buenos Aires onde ganhara a UCR.
Convocaram a eleições com partidos proibidos e fraude, ganhou Agustín Justo.

Justo, Agustín P. (1932/1938)
Justo tinha apoiado a revolução de 1930. O novo governo teve que enfrentar uma situação econômica e social difícil com inquietude política, os radicais conspiravam ativamente. O assassinato de um coronel determinou a implantação do estado de sítio. O ex-presidente Yrigoyen e outros radicais foram apressados.
Há medidas de avanço criam-se associações de comércio, de responsabilidade, inauguram-se às ruas diagonais Norte e Sul, pavimentou a Av. General Paz . Criaram-se a Junta Nacional de Grãos, à de Carnes, o Banco Central, fiz-se o monumento a Bernardino Rivadavia, fez-se o primeiro re-censo industrial.
Não logrou o apoio dos partidos políticos opositores nem do radicalismo nem outros.
A morte de Yrigoyen provocou uma manifestação opositora, foram apressados vários radicais.
Deram-se tratamento especial às empresas inglesas radicadas na Argentina, ao qual Roca disse que Argentina era domínio inglês. Os trabalhadores da carne, tinham tido um conflito muito importante e participaram de graves e assassinaram a um senador que os apoiava.
Os mortos e feridos se contaram por dezenas nas eleições para o próximo presidente, com o radicalismo dividido venceu Ortiz, candidato da mesma ideologia.

ORTIZ, Roberto M. (1938/1942, Renunciou)
Ortiz apoiou ativamente o golpe militar do ano 1930 e foi ministro de Justo. Tentou algumas reformas, mais adoeceu de diabetes e ficou quase cego, teve que pedir licença.
Estalaram escândalos na venta das terras de “Palomar” onde se faria uma ampliação da base militar, nessa venta detectaram corrupção com integrantes do governo. As investigações foram por conta do Alfredo Palácios (primeiro deputado socialista). Finalmente consideraram que Ortiz foi inocente. Muitos radicais estavam no parlamento pelas reformas que tinha impulsionado Ortiz.
A saúde de Ortiz empiorou e apresentou sua renúncia.

CASTILLO, Ramón S. (1942/1943, Deposto)
Criou a “Frota Mercante Nacional”, nacionalizou-se o porto de Rosário e a estrada do Estado (hoje Gral. Belgrano), construíram-se a Av. Gral. Paz e Fabricações Militares. A guerra na Europa agravou os problemas econômicos, a pesar das pressões dos EUA o presidente manteve no princípio a neutralidade argentina no conflito, depois tomou partido contra da Alemã. Em junho de 1943 uma revolução militar o afastou do governo.

RAMIREZ, Pedro Pablo (1943/1944, Governo de fato)
Os radicais pensavam que era seu candidato mais ele participou do golpe que depôs a Castillo. Governou só sete meses. Reprimiu setores sociais e políticos, dissolveu o Congresso, os partidos políticos, limitou a ação sindical e universitária. Ordenou a rebaixa de alugueres. Criou a Policia Federal Argentina. Fiz a exploração das minas de enxofre na província de Salta. Criara o Fundo de Crédito Industrial.

FARRELL, Edelmiro (1944/1946 Governo de fato)
Participou no golpe de estado de 1943. Desempenhou os cargos de Ministro de Guerra e Vice-presidenta da Nação até que Ramirez foi removido. Nessa data assumiu como Presidente.
Neste governo se destacou quem fora três vezes presidente dos argentinos, Juan Domingo Perón, primeiro dede o Ministério do Exército e logo desde o Ministério do Trabalho. Aliou-se com sectores do sindicato socialistas e revolucionários. Tomou muitas medidas que favoreceram aos trabalhadores. Foi popular com eles mais os setores da oposição respondendo a Braden (embaixador de EUA) fizeram uma oposição forte. (O lema era Braden ou Perón) Foi destituído e aprisionado. Um movimento de trabalhadores na Praça de Maio fez que fosse libertado em 17 de outubro.
As medidas foram: Regulamentaram-se os estatutos dos partidos, políticos, do peão, dos jornalistas, estabeleceram-se o salário 13, criara-se a Justiça Trabalhista aprovando muitas leis apresentadas pelos socialistas (no parlamento eram vetadas, mais decretava) por isso tinha inimigos entre os industriais e os pecuários. Às pessoas do interior e de países limítrofes chegaram para as cidades (os chamados de “Cabeçinhas negras”). Criaram-se as escolas técnicas, com as medidas Perón acumulava poder.

PERON, Juan Domingo (1946/1951, Cumpriu seu período)
Segundo período (1951/1955, Deposto)

Seu pai foi de família de militares e sua mãe era filha de pedreiro descendente de espanhóis e índios. Seus pais se casaram quando o menino tinha seis anos.
Desde a Presidência continuou com as políticas sociais que beneficiaram aos trabalhadores e a empresariado nacional. Substituíram-se as importações, inverteu-se na agricultura, nacionalizou-se o comércio exterior. Surgiu o conflito com os produtores já que o governo comprava desvalorizado para manter os preços.
Desarrolhou-se a indústria de aparelhos e automotora. Compraram-se os trens.
Os filhos das classes médias e trabalhadoras tiveram ingresso por primeira vez às escolas de ensino médio, manteve-se o ensino religioso até 1954.
Os opositores estavam irritados pelos livros das escolas que tinham grosseiras publicidades governamentais, foi obrigatório o livro de Eva Perón, sua mulher, nas escolas.
No contexto internacional, não era apoiado pelos intelectuais, disseram que Perón era um militar pro nazi por permanecer neutral na guerra.
O anti-peronismo não nasceu como oposição às medidas sociais e econômicas senão no apoio aos aliados.
Foram controladas as atividades dos estudantes universitários, criaram-se as faculdades de Direito (advocacia), Arquitetura e Odontologia, a Universidade Tecnológica. Estabeleceram-se a gratuidade do ensino, isso triplicou o número de alunos. O cientista Premio Nobel Bernardo Huussay teve que ir embora por tenções com o governo.
Criaram-se um sistema de saúde social e preventivo. Nos hospitais, se duplicaram os números de camas. A mortalidade de crianças passou de 80,1 por mil a 66,5 por mil, a esperança de vida passou de 61,7 anos a 66,5.
Sua mulher, Eva Duarte de Perón, colaborou na gestão com una política de ajuda social e apoio aos direitos políticos da mulher, que por primeira vez tiveram o direito ao voto.
Neste período começaram os problemas com o papel dos jornais, com os jornalistas e com os donos dos jornais, todos se tornaram opositores. Compraram-se vários jornais e rádios monopolizando a informação.
Os enfrentamentos entre seguidores e adversários foram constantes, perseguiram-se aos comunistas e aos opositores todos. Muitos intelectuais se exilaram no Uruguai, outros eram humilhados assinando para eles postos de inferioridade intelectual.
No ano 1953, em um ato sindical na Praça de Maio, um comando opositor acanhoneara a praça deixando mortos e uns cem feridos. No ano 1955 um grupo formado por militares e civis, organizara um golpe, Miguel Angel Zavala Ortiz, radical, estava entre eles. O golpe fracassou mais nos bombardeios morreram 364 civis e houve 800 feridos. Desencadearam-se assim uma persecução aos opositores morrendo alguns deles em torturas.
Os acontecimentos terminaram com o derrocamento de Perón e o começo da ditadura militar apoiada pelos opositores.
Resumo:
Assim como Juan Domingo Perón foi "ganhando" simpatizantes (em sua maioria pertenciam à classe trabalhadora), ao outorgar benefícios sociais para a maioria da população, paralelamente surgiu um grupo oposto a ele, cada um com motivos próprios. integrado por:
setores económicos (pecuários e industriais),
setores medios,
setores de las Fuerzas Armadas,
partidos políticos opositores,
a Igreja Católica.
Esses setores que formaram uma aliança e Perón foi derrocado pela “Revolução Libertadora”, o objetivo: “desperonizar” a sociedade (até se proíbe a pronuncia de seu nome, e é chamado de tirano deposto).

LONARDI, Eduardo.(1955/1955, Governo de fato) //
ARAMBURU, Pedro (1955/1958, Governo de fato)

Para “desperonizar” à sociedade, puseram-se em execução dois potentes medidas:
A proscrição do Partido Peronista, e a proibição da atividade sindical, derrogaram a Constituição de 1949 e em um chamado a Assembléia se volta à Constituição de 1853, é a Constituição de 1957.
Os setores peronistas não tinham possibilidade de se expressar, nas eleições votaram em branco.
O exército estava dividido mais manejou a política, muitas empresas estrangeiras se instalaram no país. Os civis opositores se manifestaram em locais reduzidos e dividiram-se os radicais.
Pelas medidas impostas os assalariados iniciaram conflitos sociais e os enfrentamentos eram muito fortes.
Em 1958 convocaram a eleições, e com os votos peronistas ganha Arturo Frondizi (tinha tido um acordo com Perón)

FRONDIZI, Arturo (1958/1962, Deposto)
O acordo era assim, os peronistas votavam a ele, e depois Frondizi anularia a proscrição do peronismo. Nesse período trata-se de fomentar a estabilidade política e econômica, se renovaram os conflitos com muita inflação e estancamento da economia. Os sindicalistas estavam em contato com o governo enquanto os militares estavam opostos. Nas eleições a governador em Buenos Aires, ganha um peronista apresentado pelo partido de governo. O governo é intervindo e outro golpe militar coloca esta vez a Guido na presidência.

GUIDO, José Maria (1962/1963)
Nas eleições de maio triunfa o peronismo mais serão anuladas. No peronismo se começaram a diferenciar dois setores, um de esquerda combativo e outro de direita que propunha o novo peronismo com Perón no exílio. Em 1963 chama-se a eleições com o peronismo proscrito, y ganha o radical Arturo Illia com o 25,14 % do total de votos (o 18,82% foi em branco, outros radicais tinham o 16,41 %)

ILLIA, Arturo Humberto (1963/1966, deposto)
Foi um governo débil que não dominava seu partido, o chamavam de lento, na Praça de Maio os opositores liberaram tartarugas... Tinha muitos conflitos com os estudantes que ocupavam as escolas e universidades.
Os cientistas fugiram do país… Os conflitos eram muitos, apresentou ao Congresso uma lei de medicamentos para sua regulação. Ele ganhara mais inimigos com a lei. Os primeiros movimentos guerrilheiros apareceram no norte.
No ano 1965 se fala de fronteiras ideológicas, onde se associavam distintos países para combater ao comunismo enquanto o peronismo participou com outro nome nas eleições.
O General Onganía começa sua intervenção para a liberação do país dos comunistas. As greves eram frequentes e se produzira o golpe preparado. Assume a presidência Juan Carlos Onganía.
Hilda Mendoza
Criação pessoal baseada em livros de História, sindo seus autores Milcíades Peña, Rodolfo Puiggrós, Felipe Pigna, Robert A. Potash. Alain Rouquié, Mario Rapoport

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