segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 12. Conclusão e Síntese. Fins do século XIX - Século XX

Nossos países têm percorrido caminhos paralelos. Caminhos traçados pela luta dos povos e pelos interesses alheios...
São tão diferentes e tão iguais...
No século XX, ditaduras muitas vezes sangrentas. Lutas para voltar à democracia. Classes dominantes poderosas muitas vezes aliadas com o poder estrangeiro. Governos populistas que outorgaram melhoras as classes populares. Classes médias aliadas com as poderosas olhando para o estrangeiro.
Mais acho que “essas paralelas têm interseção”: O Mercosul
A luta do século XXI é pela unidade dos países em suas diferenças.
Unidade de critérios para enfrentar os riscos, unidade para o desenvolvimento de seus povos, unidade na defesa das liberdades, na defesa das justiças, na defesa das igualdades nas diferenças, na defesa das diversidades humanas em toda a extensão da palavra...
Hilda Mendoza
O BrasilA Argentina
1889-1930 A República Velha.
Este período é marcado pelas revoltas sociais e o Brasil se afirmou como exportador de café. Na política, nos começos governos militares e depois se sucederam governos das elites agrárias e mineiras em forma alternada, por essa alternância se chama de “Política do café-com-leite” o desenvolvimento da indústria foi importante. Cria-se a nova constituição com direitos civis.
As divergências giraram em torno da questão federalista: os civis defendiam o federalismo e os militares eram partidários de um poder central forte.
O Brasil foi dividido em quatro regiões, cada uma delas tinha um banco emissor para solucionar o problema da circulação de dinheiro. Em cada estado existia, uma minoria dominante, que, aliando-se ao governo federal, se perpetuava no poder.
Os fazendeiros ou comerciantes mais ricos eram chamados de coronéis.
Com a proclamação e a adoção do federalismo, os coronéis passaram a ser as figuras dominantes do cenário político dos municípios, seu poder residia no controle que exerciam sobre os eleitores. Todos tinham eleitores cativos e sua importância se media por sua capacidade de controlar o maior número de votos
O esquema da economia tinha sido o seguinte: fazendeiros/comissários/ensacadores/exportadores/importadores/comissários /fazendeiros.
Se modificou quando os importadores se conectaram diretamente com os fazendeiros.
O mercado brasileiro estava em profunda transformação já que modificou também sua forma de atuação, nomearam-se agentes e representantes de vendas pelo interior.
O mercado ficou mais segmentado, mas em compensação, mais livre. Para solucionar o problema da queda do preço, o governo regulou o mercado.
Estabelecia-se, assim, a primeira política de valorização do café.
Surgiram movimentos sociais, uns deles foi o tenentismo, movimento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição ao governo oligárquico.
A indústria, que neste período estava em expansão e a política sofreu duras críticas dos empresários ligados à indústria. O movimento conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, e preparou o caminho para a Revolução de 1930 que alterou definitivamente as estruturas de poder. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.
1880-1930

A Argentina foi consolidada como país agro-exportador, liberal e positivista, foi produtor de matérias primas, vinculado ao comércio inglês. As exportações aumentaram 10 vezes. A isso se somou a cria de gado, também se exportaram ovelhas e bois.


As campanhas para chegada de imigrantes da Europa foi uma característica da época.
Os setores médios cresciam e se desenvolviam ao ritmo da economia e um sistema educativo que se estendeu em forma livre e gratuito permitiu a ascensão social.


Os trabalhadores se organizaram em grêmios com a filiação ideológica trazida dos países de origem


O desarrolho industrial estava limitado pelo modelo de país agro-exportador.


Características: Dependência econômica, latifúndio como unidade de produção agropecuária. Os donos das terras atuaram associados a capitais estrangeiros. A intervenção do estado assegurava o funcionamento do modelo garantindo a livre circulação de capitais, construindo estradas unificadas no porto de Buenos Aires para facilitar a exportação, organizando o sistema jurídico e monetário. Os capitais estrangeiros participavam dos transportes e na comercialização de produtos. As regiões cujas produções não se exportavam começaram a depender da economia da “pampa” ocasionando desequilíbrios regionais.

Os dois países neste período têm características históricas comuns. Governos eleitos frouxos com poderes militares fortes.


1930-1964
Os dois países neste período têm características históricas comuns. Governos eleitos frouxos com poderes militares fortes.
Os governos militares estiveram formados por juntas governativas ou governos nomeados por eles, seus representantes no poder. Representantes das classes sociais dominantes.
O Estado Novo foi adequado para uma acumulação primitiva de capital, depois se tornou um obstáculo, e a burguesia passou a querer participar mais de perto nas decisões governamentais. Getúlio era chamado pelos seus simpatizantes de “o pai dos pobres” por o fato de ter criado muitas das leis sociais e trabalhistas brasileiras.
Deve-se destacar a promulgação de uma nova Constituição, cujos traços principais foram o retorno da democracia e a manutenção de inúmeros direitos trabalhistas, a redução da intervenção do Estado na economia; aperfeiçoamento da assistência estatal nos setores de saúde, alimentação, transporte e energia; a adoção de uma política econômica liberalizante, de forma a facilitar o acúmulo de capital às custas de baixos salários, e a expansão das empresas estrangeiras. Esta última medida trouxe reflexos funestos para a economia nacional, de vez que se esgotaram as reservas cambiais adquiridas ao longo da II Guerra Mundial, proibiu-se os jogos de azar no Brasil. Na Política Externa alinhou-se com os norte-americanos na Guerra Fria, enquadrando-se na divisão mundial entre os blocos capitalista e socialista.
Em 1951, com Vargas e sua ideologia nacionalista, intervencionista e paternalista ganhou novo impulso a indústria, procurou restringir as importações, limitar os investimentos estrangeiros no País, impedir a remessa de lucros de empresas estrangeiras instaladas, para seus países de origem, criou-se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, procurou compensar os traba¬lhadores, dobrando o valor do salário mínimo. Com isso, conquistou o apoio da classe trabalhado¬ra. A política estatizante, de cunho nacionalista, desencadeou a oposição de empresários ligados às empresas estrangeiras.
Acusaram a Vargas de estar tra¬mando um golpe que estabelecia uma República sindica¬lista, consciente de sua deposição em breve, Vargas sur¬preendeu seus inimigos e a nação, suicidando-se.
Nos anos seguintes registraram-se o mais expressivo crescimento da economia brasileira e se realizavam investimentos no setor industrial a partir da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estrangeiro ocasionando desnacionalização da indústria. Consolida-se o capitalismo dependente. A construção de Brasília está compreendida em um ambicioso plano de investimento público. Os conflitos pela inflação e reajustes salariais foram importantes. Às pressões externas, do governo americano e do FMI, condicionaram os empréstimos externos, a adoção de medidas restritivas ao crescimento, embora correspondiam às reivindicações populares e dos setores da esquerda brasileira. Em 1964, em meio às tensões sociais e à pressão externa, precipitaram-se os acontecimentos. uma Marcha que tinha como objetivo mobilizar a opinião pública contra a política desenvolvida pelo governo, conduziria um acordo com seus opositores, ocorreu a Revolta dos Marinheiros, aos poucos se iniciou a movimentação de tropas.
O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente os Estados Unidos da América.
1930-1966



O período que começou com o golpe militar que derrocou ao presidente Hipólito Yrigoyen, conhece-se na Argentina como a “Década Infame” assim como se disse que termina com o golpe militar que derroco ao presidente Ramón Castillo.



Na realidade, foram quase 73 anos vis. Neste período poucos presidentes eleitos democraticamente cumpriram o período para o qual foram escolhidos e outros apenas estiveram em seu posto.


A luta principal foi pela consolidação política existindo clientelismo. Regulara-se os estatutos dos partidos políticos.


No ano 1944 há medidas sociais que favoreceram aos trabalhadores, classe social que brindou seu apoio, surgindo adversários ao regime.


Começaram os problemas com os jornais, com os jornalistas e com os donos dos jornais, todos se tornaram opositores. Compraram-se vários jornais e rádios monopolizando a informação.


Os enfrentamentos entre seguidores e adversários foram constantes, perseguiram-se aos comunistas e aos opositores todos. Muitos intelectuais se exilaram no Uruguai. Dois bombardeios à Praça de Maio, com muitos mortos civis, marcaram a decisão dos opositores de acabar com o regime e terminaram com o derrocamento do presidente.


Inicia-se a ditadura com a proibição do peronismo que em diferentes alianças está presente, quando não, faz oposições às vezes violentas.





1964-2003

Foi eleito o primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, governo que se transformou numa ditadura altamente repressiva, que praticou a tortura e assassinatos de cidadãos a fim de neutralizar e eliminar os opositores políticos e os grupos subversivos. Remodelaram as instituições políticas e a economia do país.
Na política, a marca foi centralização e fortalecimento do poder a partir do fortalecimento do poder Executivo, exercendo controle sobre outros poderes. Foram também estabelecidas rígidas regras para o exercício da oposição, e eleições indiretas para os cargos.
Na área econômica, incentivaram-se os investimentos estrangeiros no país, estimularam-se as exportações e a ampliação do crédito ao consumidor.
Os militares se sucederam no governo, ditaram leis que foram para sustentar todas as mudanças e medidas políticas colocadas em prática durante o período. O Congresso estava aberto e mais não funcionava.
As greves foram proibidas e os governos intervieram em todos os sindicatos trabalhistas.
Inicia-se o bipartidarismo, promulgou-se uma nova Lei de Segurança Nacional que se transformou num poderoso instrumento de controle e vigilância política sobre todos os setores da sociedade civil.
O mercado consumidor se ampliou, mas quem se beneficiou foram as classes médias e os mais ricos. A concentração de renda impediu que as classes populares se beneficiassem do desenvolvimento e crescimento econômico. As medidas repressivas seriam muitas e rígidas para se evitar as reações ao adotar medidas que reduziam o consumo por meio do congelamento salarial e a abertura da economia ao capital estrangeiro.
O fechamento das vias de atuação política acabou transferindo um importante papel de oposição aos estudantes, que passaram a criticar a repressão e o desmando dos militares, que acabou incitando um protesto contra o regime militar que ficou conhecido como a Passeata dos Cem Mil.
O endurecimento do regime também motivou que grupos políticos adotarem a luta armada como via de combate aos militares. Inspirados pela Teoria do Foco Guerrilheiro, que se usava na guerra de Vietnã e Argélia, pegaram em armas esperando empreender a derrubada do regime militar.
No ano de 1968, dava-se fim a todos os direitos civis, permitia-se a cassação dos mandatos parlamentares e o fechamento do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais, limitava os poderes do Judiciário ao suspender o direito de hábeas corpus em crimes que iam contra a “segurança nacional”
A perseguição política dava no alvo marcada pelas torturas, mortes e prisões.
Promovia-se a tortura e o assassinato no interior de delegacias e presídios. A guerrilha, que usou de violência contra o regime, foi seriamente abalada, A repressão aos órgãos de imprensa foi intensa, impossibilitando as denúncias. Ao mesmo tempo observaram-se o uso massivo dos meios de comunicação para dar uma visão positiva sobre o Governo Militar. A campanha publicitária oficial com cartazes defendia o atuado.
O chamado “milagre econômico” foi marcado pela realização de grandes obras da iniciativa pública.
A crise internacional do petróleo, afetou severamente aos poucos, a dívida externa e a inflação acabaram com os sucessos do regime. Começara outra vez o investimento estatal. A desaprovação do regime era à vista.
Afastaram-se os mais radicais do governo e abriu-se as portas às eleições.
O último presidente do regime militar, marca o início do processo de redemocratização política. Começaram a surgir diversas greves, contrariando o que determinaram os militares. As de maior destaque foram do sindicato de metalúrgicos. O regime interveio no sindicato, prendendo Lula e outras lideranças da entidade. As greves foram reprimidas, mais os empresários desejavam acabar com isso. Os trabalhadores acordaram com os empregadores um aumento de salários, o retorno de Lula às suas funções no sindicato e de todos os outros presos. Decretaram-se eleições diretas para os Estados a partir de 1980. Os avanços políticos provocaram reação da direita reacionária que começaram praticar sequestros e atos com bomba. Em 1981, os atos violentos eram muitos. Em um show comemorativo do Dia do Trabalho, uma bomba foi encontrada em uma caixa e outra explodiu em um carro estacionado. Em 1982, as eleições fizeram que a oposição saísse vitoriosa, consolidou-se o processo de redemocratização do País, isso garantiu à maioria da população brasileira o direito a participar na vida política nacional. Foi restabelecido o direito de voto, a garantia de amplas liberdades sindicais, além da convocação da Assembléia Nacional Constituin¬te.
As forças políti¬cas que compunham o Governo estavam muito desacredi¬tadas e a oposição conquistava cada vez mais força.
Nos anos 90 foram tomadas medidas econômicas drásticas e de grande impacto a fim de solucionar a grave crise da hiperinflação. Os salários e os preços foram congelados, os depósitos bancários foram confiscados. A recessão e o agravamento da crise econômica afetaram sua popularidade dos governos. Começou-se a falar de corrupção. o governo ficou completamente isolado política e socialmente. O país enfrentava uma grave crise econômica, com a inflação importante.
Uma forte desvalorização da moeda provocada por crises financeiras internacionais leva ao Brasil a uma grave crise financeira que, para ser controlada, levou aos juros reais mais altos de sua história e a um aumento enorme na dívida interna. Foram privatizadas algumas rodovias federais, a maioria dos bancos estaduais responsáveis do déficit público e o sistema telefônico brasileiro. Foi adotada a terceirização de serviços e de empregos públicos em áreas consideradas não essenciais. Criou o Bolsa Escola, e outros programas sociais destinados à população de baixa renda, que atingiu 4 milhões de famílias beneficiadas, também investiu em infra-estrutura, duplicando importantes rodovias brasileiras. Ignácio Lula da Silva foi adversário político e crítico ardoroso da política econômica.


Nesse contexto assumiu a presidência Luiz Inácio Lula da Silva no ano 2003

1966-2003

Este período teve quatro pontos importantes, as duas ditaduras militares e as voltas das democracias com o julgamento aos responsáveis dos governos do fato da segunda ditadura.

A ditadura da Revolução Argentina (1966-1973)
Viveram-se situações marcadas por uma notória falta de liberdades e controle do jornalismo. Começou uma mudança da economia com a apertura dos mercados para importações e fechamentos das indústrias nacionais ocasionando o crescimento incontrolável da dívida externa.
A proibição do peronismo e limitações das liberdades, deram o surgimento dos grupos radicalizados e começo do treinamento dos militares na Escola das Américas para se preparar para a luta interna. O objetivo foi de impedir a chegada ao poder regimes de esquerda, que nos últimos tempos estavam se manifestando em ações armadas.


Democracia (1973/1976)
No período tem destaque a inoperância administrativa, a morte do presidente Perón e osurgimento da violência do governo com o grupo AAA e o Operativo Independência na província de Tucumán.
Inoperância executiva total.


A ditadura do Processo de Reorganização Nacional (1976/1983)
Começou o controle da ditadura com violações aos direitos humanos e desmantelamento da legislação trabalhista vigente. O ministro Martinez de Hoz tinha manifestado que as atividades repressivas do “Proceso” foram necessárias para conter o descontentamento popular pelos resultados econômicos.
Desapareceram pessoas, roubaram meninos e houve delitos econômicos. Para parar o descontentamento da população invadiram as Ilhas Malvinas iniciando uma guerra com a Inglaterra. O fracasso da aventura de um militar bêbado, foi estrepitoso, foi destituído do grau militar.


Democracia (1983/ continua)
Na democracia foram julgados, condenados a prisão perpétua pelos numerosos crimes cometidos durante os governos os máximos responsáveis pelas violações aos direitos humanos durante o regime militar. A pressão militar impediu, no princípio, o julgamento de outros responsáveis. Começou a integração entre o Brasil e a Argentina "para fortalecer a democracia, afrontar a dúvida externa assim possibilitar a modernização produtiva”.
A inflação superior de 1000% levou à renuncia do presidente e à toma de pose antecipada do sucessor.

Os presos foram indultados nos anos 90 e voltaram a prisão depois de 2003. Privatizaram-se as companhias petrolíferas, os correios,o telefone, o gás, a eletricidade e a água. Dois atentados terroristas a comunidades judaicas e ao povo tudo aconteceram a meado dos 90.
Aumentou da corrupção, da dívida externa, da pobreza, da indigência, o desgoverno; a diminuição dos salários dos trabalhadores e a dolarizaram a economia, o congelamento das contas bancárias. O exposto ocasionou no ano 2001 um caos político sem precedentes. As mobilizações populares se sucederam e acabaram com mais de 30 mortos e muitos feridos. O presidente renunciou e a fugiu em helicóptero dede a casa do governo.

Isso levou que se sucederam na presidência cinco pessoas em só poucos dias
A economia em recessão tinha incrementado a pobreza e indigência até índices nunca vistos antes na Argentina uma parte importante da população fazia troca de alimentos e coisas para sobreviver.


Em este contexto assumiu o presidente Nestor Kirchner no ano 2003

Hilda Mendoza
Julho 2010

Um comentário:

  1. Hilda!! Estive viajando aqui pelo teu espaço...só
    encontrei maravilhas. Parabens pela sensibilidade.
    Abraços
    Sinval

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