quinta-feira, 20 de maio de 2010

Migrações na Argentina. Generalidades.

No século XIX tinham chegado à Argentina, imigrantes de todos os continentes. A maioria dos europeus eram espanhóis, portugueses e italianos, mas também chegaram polacos, russos, poucos japoneses. Os africanos não vieram voluntariamente, foram trazidos e destinados à escravidão.
Minha terra prometia paz e trabalho, os lugares de origem fome e guerras.
Quando menina, de meu país se dizia que era um “Crisol de Raças”, na realidade, uma ou duas raças o povoavam desde o início do século XX já que os descendentes dos africanos tinham sido mortos nas guerras da Independência e na guerra do Paraguai, quando deixaram a escravidão buscando a liberdade e os nativos foram deslocados para a fronteira ou mortos na campanha do Geral Roca. Foram assassinados para dividir as suas terras com os que tinham o poder econômico. Suas orelhas, trazidas pelos assassinos, foram testemunha das matanças.
Meu país sim era um “Crisol de Nacionalidades”.
Meus avôs chegaram quando apenas iniciado o século XX sendo quase crianças. O irmão de minha avó dizia para ela: Venha, na Argentina Deus provê de tudo. Cá conheceu a meu avô e formaram Sua Família, os tempos eram difíceis, o desarraigamento triste, as comunicações escassas.
Seus sonhos: Voltar à Europa. Minha avó desejava conhecer a sua irmã Maria que nasceu depois que ela embarcou...
Os imigrantes formaram associações segundo os países de origem, onde se reuniram para reviver a sua cultura que transmitiam aos filhos que iam nascendo na terra “alheia”, enquanto os sonhos de voltar a sua pátria se perdiam.
Trabalhavam de garçons, costureiras, artesões, pedreiros... Economia de subsistência. Lutavam para que seus filhos tivessem tudo quanto necessitassem.
Outra imigração importante aconteceu na década de cinqüenta. Fugiam da fome da Europa depois de concluída a Segunda Guerra Mundial. A população, a mesma. As tarefas desempenhadas, as mesmas. Os sonhos, os mesmos: paz e trabalho. Desejavam que seus filhos tivessem ascensão social. Surgiu um sonho cultivado com muitas privações: “Meu filho o Doutor”, sonho ao qual se somaram os filhos da imigração anterior... Às vezes alcançado...
A capital de Argentina, Buenos Aires, foi “A cidade mais européia da América”. Ela estava povoada de classes medias cujos trabalhos eram em escrivaninhas ou profissões chamadas de liberais, enquanto uma nova imigração “ameaçava”. O trabalho, que fez o genocida Roca, ficou incompleto... Os povos originários voltaram agora como trabalhadores, muitos ambulantes, quando finalizava o século XX.
As ditaduras e as crises mundiais levaram muitos argentinos às terras de seus avós buscando paz, trabalho e ascensão social... Deixando afetos, levando tristeza, desarraigamento... Os filhos nascendo ou crescendo enraizados em outras pátrias... Agora, Buenos Aires é América Latina e as migrações têm outros componentes além do descrito, o principal é o trabalho. Se o trabalho é por pouco tempo tudo é leve e a adaptação é possível com as saudades nas costas.

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